A Silo no Festival WOW Rio de Janeiro 2023

O Festival Mulheres do Mundo - WOW, que aconteceu no Rio de Janeiro entre os dias 27 a 29 de outubro, é inspirador e queremos te contar como foi estar com mulheres incríveis durante os três dias de encontro.

No Brasil, a curadoria do festival é realizada pela Redes da Maré - uma organização da sociedade civil que luta há mais de 20 anos pela garantia de direitos dos mais de 140 mil moradores das 16 favelas da Maré. Agradecemos demais o convite da Eliana Sousa Silva, Diretora Fundadora da Redes da Maré, e a equipe de pesquisa formada pela Maíra Gabriel, o João Aleixo, o Vinicius Bernardo e a Érica Peçanha, por criarem um ambiente onde mulheres diversas pudessem ecoar suas vozes.

Terra, alimento e futuros possíveis em destaque no WOW

Este ano o festival recebeu 500 convidadas, em mais de 40 horas de programação dividida entre os eixos: Mulheres nas Artes e Cultura, Negócio Delas, Ativistas em Rede e Mulheres em Diálogos. Este último, que é o coração do festival, reuniu cerca de 300 mulheres de 14 países. Entre elas estavam a escritora, ficcionista e ensaísta Conceição Evaristo, a ministra da igualdade Racial Anielle Franco, a ativista boliviana e cofundadora do coletivo Mulheres Criando María Galindo Neder, a Deputada Estadual e Dirigente Nacional do MST Marina dos Santos, a Deputada Federal Benedita da Silva, a Co-Diretora Executiva da organização Olabi Silvana Bahia, a ativista francesa e líder do Comitê Verdade e Justiça para Adama Assa Traoré, a Diretora-secretária da Associação do Coletivo de Mulheres Organizadas do Norte de Minas e agricultora Lourdes de Souza, entre muitas outras mulheres incríveis. As rodas de conversa e oficinas foram organizadas a partir dos temas: Futuros para quem?; Amor e afetos; Terra e alimento; Saúde; Saberes e educação; Violências e justiça; e Poder e política.

Mulheres em Diálogos levantou temas importantes que afetam a vida das mulheres nas periferias e favelas como, por exemplo, aborto legal e justiça reprodutiva, política na cozinha e (in)segurança alimentar, tecnologia e design, juventudes negras, feminismos locais, pedagogias insurgentes e muito mais. Já o eixo de Mulheres nas Artes e Cultura trouxe espetáculos teatrais do Coletivo Entidade Maré, da Cia de Danças Lia Rodrigues, entre outras, e shows de grandes artistas como Alcione, Larissa Luz, MC Carol, Deize Tigrona, MC Tha e DJs renomadas como DJ Tamy e DJ Marta Supernova.

Arte, Imaginários e Coletividades

O espaço para trocas de experiências sobre “Arte, imaginário e coletividades”, que aconteceu na sexta-feira, reuniu mulheres de diferentes partes do Brasil ligadas a espaços que têm a arte e a pedagogia como centro de suas ações. A mediação de Natália Romão, doutoranda em Educação na UNIRIO (PPGEDU), possibilitou que cada uma compartilhasse sua trajetória no desenvolvimento coletivo de espaços artísticos e como essas experiências têm influenciado suas comunidades e somado no propósito de transformação social.

Ao lado da Cinthia Mendonça, estiveram: Suellen Tavares, liderança jongueira do morro da Serrinha, professora, dançarina e percussionista integrante do Grupo Cultural Jongo da Serrinha; Stefany Silva, moradora da Maré, produtora executiva no data_labe, artista multidisciplinar, produtora cultural e idealizadora do Brechó Jeans Ancestral; Anna Luísa Oliveira, museóloga e doutoranda em Estudos Étnicos e Africanos, coordenadora de educação e que colabora com a curadoria do Galpão Bela Maré/Observatório de Favelas; e Ana Barros, coordenadora pedagógica na Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri (FCG-MHK).

Oficina: Arte, Agricultura e Campesinato

Durante a oficina realizada pela Cinthia, no sábado, as participantes foram apresentadas a um repertório de produções artísticas que tratam direta e indiretamente do universo camponês, incluindo arte indígena contemporânea, e realizaram um exercício prático de desenho sobre elementos do universo camponês que atravessam a história de cada uma. Entre os desenhos estavam representações de cachoeiras, plantações de milho, a Juçara, o sauá, o araçá-amarelo, a pescaria, e bancos de sementes.

Mulheres,Agricultura e Campesinato Contemporâneo

E por fim, a roda de conversa “Mulheres, agricultura e campesinato contemporâneo”, realizada no domingo e mediada pela Cinthia, instigou nossas convidadas a pensarem sobre suas atuações em redes colaborativas de mulheres na agricultura por uma produção de renda perene estável, e suas relações com as tecnologias digitais. Recebemos para essa conversa a Islandia Bezerra, que é Diretora de Diálogos Sociais na Secretaria Nacional de Diálogos Sociais, Articulação e Políticas Públicas (SNDSAPP) da Secretaria Geral da Presidência da República (SG-PR); a jovem Maria Lais da Silva Santos, zootecnista e cofundadora do Espaço Agroecologia Lá Vida, localizado no Sítio Lírio, em Santana do Cariri (CE); e Júlia Almeida, militante do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores Sem Terra (MST - RJ), agricultora e assentada da reforma agrária no PA Roseli Nunes, no município de Piraí - RJ.

Gostaríamos de prestar nossa homenagem ao companheiro de Júlia, Gerson Pires dos Santos, que faleceu na última sexta. Mesmo nesse momento de luto ela esteve presente. Júlia nos inspira com o seu comprometimento e sua coragem.

O imenso Festival WOW, organizado pela Redes da Maré, não poderia ser menor. Ele é grandioso não apenas pelo tamanho mas também pelo propósito e pelo feito de reunir vidas e sonhos de tantas mulheres diversas. Vida longa ao WOW Rio! 💥